A parte filosófica
Uma parte dos estudiosos das sociedades e suas culturas acredita que, onde quer que o homem tenha sido encontrado, em qualquer época ou fase de desenvolvimento, ele estará em grupo. O filosofo grego Aristóteles (séc. III a.C) já dizia ser o homem um ser social.
A cada dia que passa eu tenho mais provas dessa afirmação, que vem sendo repetida como um eco eterno através dos mais diversos veículos de comunicação, mas nem sempre entendemos a profundidade da sua afirmação.
Quero deixar claro que não sou filósofo e não vim aqui dissertar sobre filosofia. Não no sentido acadêmico da coisa. O que na verdade eu vim fazer foi conversar sem convencer sobre relacionamento em grupo.
O encontro
Nesse feriado, reuniram-se as três facções dos Leões do Asfalto, e foi suficiente para que eu, amigo-colaborador-pesquisador, tivesse mais uma prova de que Aristóteles estava certo o tempo todo.
É certo que antes de conhecer os Leões do Asfalto, eu já tinha muitos amigos. Muitos que passaram em minha vida, outros que chegaram para ficar. Muitos que me ajudaram e outros que se ajudaram durante o tempo em que convivemos juntos. E tambem sei que poucos são os seres humanos que se isolam de amigos e conseguem atravessar a jornada sem enlouquecer.
Entretanto, ainda não tinha tido o prazer de observar um grupo de pessoas viajarem muitos quilômetros, pelas BRs esburacadas do Nordeste enfatizo, fazerem uma grande confraternização e passarem o dia juntos desde o café da manhã. Isso foi novidade.
A cerimônia
O dia repleto de atividades e a minha presença entre eles, como expectador e coadjuvante, só me faz entender que a cada cerimônia ou premiação, é entre eles que está o meu lugar.
A vinda dos membros da nova facção Aracaju e da facção Paraiba até nosso território pernambucano, a nossa grande tertulia, o comer em grupo, dividir, doar, presentear, premiar, e arrecadar foram as ações praticadas nesse dia, e qualquer referência ao Cristianismo e suas práticas não foi mera coincidência.
Tanta gente diferente, com a idiossincrasia inerente que torna cada exemplar humano único, de mãos dadas para uma oração ou se apertando um ao lado do outro para tirar fotografias, numa grande demonstração de amor ao próximo. Era para o mundo imitar isso... E eu com isso
A vida me empurrou para a convivência em grupo sem eu nem mesmo perceber, e quando entendi que essa era a melhor forma de viver, me deixei incluir uma rede de amigos que cresce e me faz crescer com eles.
A necessidade de economizar tempo, dinheiro e garantir ao mesmo tempo a diversão me levou a comprar uma motocicleta, veículo que provoca tanta emoção que desencadeia dependencia; os sonhos de menino e de cinéfilo forçaram a escolher uma custom; os trabalhos academicos me conduziram a pesquisar sobre tribos urbanas, e bem, ai eu conheci os Leões do Asfalto.
Os moto clubes brasileiros
Acredito que a força de coesão inerente aos os moto clubes existentes no nordeste está o modo de viver tipico do brasileiro e ela é mais latente aqui. Não quero com isso dizer que em outros lugares as coisas não funcionam, ou funcionam por outros meios. Falo apenas do que vejo acontecer, do que eu conheço, do que eu participo.
Com certeza somos diferentes. Há vasta literatura que ratifica as particularidades do modo de viver do nordestino. E não se deve estranhar que um grupo, clube ou tribo de pessoas unidas pelo mesmo objetivo, e que possuem gostos parecidos, passassem a se ver e ser respeitar como familia, com hábitos semelhantes aos cultivados em grupos que são unidos pelos laços consagüíneos.
É gente, eu sei que a partir de agora ando em Bando enquanto consiguir andar.
Joel Gomes colaborador do Kansas Clube Leões do Asfato – Facção Recife.